Nefrostar • Postado em: 22/11/2023
Quem tem doença renal pode ingerir bebidas alcoólicas?
Um paciente renal pode ingerir bebidas alcoólicas? Nossa médica explica em detalhes essa questão. Clique para ler
Nas épocas mais festivas do ano, há sempre a dúvida por parte das famílias se um paciente renal pode ingerir bebidas alcoólicas, e por mais que pareça óbvio, é importante falarmos deste assunto o quanto antes.
Após descobrir uma doença renal, o paciente precisa passar por uma mudança total de rotina, hábitos e alimentação. Estas mudanças têm um grande impacto na vida deste paciente, principalmente quando ele começa a realizar as sessões de diálise. Com isso, a vida social também é impactada, o que inclui as festas e comemorações especiais.
Considerando que no Brasil a ingestão de bebidas alcoólicas está presente em grande parte dos eventos e ocasiões sociais, uma dúvida que muitos pacientes possuem é: "posso continuar a beber minha cervejinha ou vinho socialmente?" Esta é a pergunta que vamos responder abaixo.
Mas antes, vamos entender melhor o que são as bebidas alcoólicas…
Por que as bebidas alcoólicas fazem mal à saúde?
Não são apenas os pacientes com insuficiência renal crônica que estão sujeitos aos malefícios das bebidas alcoólicas, principalmente quando são consumidas de maneira excessiva. Além de desenvolver dependência, as bebidas alcoólicas alteram o funcionamento dos outros órgãos.
O principal ingrediente que afeta a saúde é o etanol. Sua absorção começa na boca, a partir das mucosas, e continua no intestino delgado. Esse processo pode durar de 5 a 60 minutos, dependendo da quantidade de comida presente no estômago.
Ao ser absorvido no intestino delgado, o etanol entra na corrente sanguínea e então se espalha para os outros órgãos, como cérebro, coração e os rins.
Como os rins são responsáveis pela filtragem do sangue e o controle da quantidade de líquidos no organismo, a ingestão de bebidas alcoólicas em excesso pode causar a diminuição do nível de eletrólitos, ao interromper a concentração de íons de hidrogênio no organismo.
Além disso, as bebidas alcoólicas inibem a produção do hormônio antidiurético, chamado ADH. Este hormônio é responsável por fazer o corpo reabsorver a água. Com esse descontrole, uma quantidade maior de água é eliminada pela urina. É por isso que sentimos vontade de urinar com maior frequência quando ingerimos bebidas alcoólicas.
Como consequência deste processo, os rins apresentam dificuldade de realizar a filtragem do sangue e também de controlar a quantidade de água mantida no corpo. Um dos resultados dessa falta de controle é a desidratação, um dos principais sintomas da ressaca.
O impacto de bebidas alcoólicas em pacientes renais
Para entender se paciente renal pode ingerir bebida alcoólica é preciso saber que essas pessoas já costumam ter uma dificuldade em realizar as duas principais funções renais: filtragem do sangue e controle do equilíbrio hídrico.
Ou seja, eles já têm dificuldade para controlar a quantidade correta de água dentro do corpo. Por isso, é comum que sintam-se inchados, pois os rins não conseguem organizar essa água que está dentro do corpo e deveria sair na urina. Agora imagina isso em um paciente que ingere bebidas alcoólicas e tem complicações renais.
Além de tudo isso existe o pequeno detalhe do uso de medicamentos para realizar o tratamento renal, estes pacientes precisam adotar uma dieta que restringe a quantidade principalmente de alimentos ricos em sódio, fósforo e potássio, além de controlar a ingestão de líquidos, para não sobrecarregar os rins.
No caso de pacientes em diálise, esse controle da alimentação e da ingestão de líquidos costuma ser um pouco mais rígido, pois o líquido pode se acumular no corpo entre uma sessão e outra.
Além disso, a maioria dos pacientes renais não possuem apenas problemas nos rins. Muitos apresentam hipertensão ou diabetes, por exemplo. Neste caso, a ingestão de bebidas alcoólicas pode causar um aumento na dificuldade no controle da pressão arterial.
No caso de pacientes diabéticos, além da ingestão do álcool, estas bebidas costumam ter altas quantidades de açúcar, o que também deve ser levado em consideração.
"Pacientes que já tem algum problema no fígado também vão piorar. A maioria dos nossos pacientes não tem só um problema nos rins. Tem que olhar o paciente como um todo", explica a Dra. Nathally Baston (CRM 163.349 | RQE 76.355).
Quais as alternativas de bebidas para paciente renal?
As bebidas alcoólicas variam em quantidade de álcool presentes e processo de fermentação ou destilação. Existem bebidas alcoólicas melhores e piores para cada caso. Segunda a Dra Nathally Baston, a cerveja é uma das piores, por ser intenso efeito diurético, por exemplo.
Ainda assim, pacientes com doenças renais muitas vezes possuem restrições quanto à ingestão de líquidos no geral. Por isso, a recomendação de alternativas às bebidas alcoólicas em ambientes sociais ou na dieta diária deve ser feita a partir de uma avaliação individual.
Cervejas e vinhos sem álcool
As opções sem álcool podem ser consideradas como alternativas às bebidas alcoólicas, dependendo da dieta e da gravidade da doença de cada paciente.
Porém, bebidas como cerveja e vinho contém sódio, açúcar, potássio, entre outros ingredientes e nutrientes que são limitados ou até totalmente restritos na alimentação de pacientes dialíticos. Por isso, mesmo que não contenham álcool, é preciso verificar com um médico a possibilidade de consumo e quais seriam as quantidades seguras.
"Não é porque é zero álcool que vai ser uma alternativa melhor", afirma a Dra. Nathally Baston.
Faço diálise toda semana, posso beber no fim do ano?
Se você é adulto, está consciente dos malefícios das bebidas alcoólicas e mesmo assim sente vontade de consumi-las de forma moderada, a melhor opção é perguntar diretamente ao seu médico nefrologista. Nem todos os pacientes renais precisam adotar uma restrição completa ao álcool.
"O consumo moderado a alto é totalmente contra indicado aos pacientes que têm doença renal crônica. Porém, pacientes que têm uma disfunção renal não tão grave podem utilizar uma dose pequena, por exemplo.
Algumas bebidas, como por exemplo o vinho tinto, tem algumas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, então pode ajudar a proteger o rim e o coração.
Tem vários estudos na literatura médica que mostram esses benefícios. Mas é um cálice, não uma taça cheia, esporadicamente. Nunca em excesso, nem todos os dias", explica a Dra. Nathally Baston.
Porém, apenas é possível analisar a possibilidade de consumo individualmente. O médico nefrologista e o nutricionista poderão aconselhar as quantidades e tipos de bebidas alcoólicas menos prejudiciais ao seu caso.
Na Nefrostar, você tem acesso a estes dois profissionais em um mesmo local. Além disso, pode contar com uma equipe multidisciplinar, que inclui psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, terapias auxiliares e personal transfer.
Além disso, a clínica possui uma grande diversidade de horários disponíveis para diálise, inclusive no período da noite. Assim você consegue preservar a sua qualidade de vida e momentos de interação social, e ainda mantém o tratamento completo.