Nefrostar • Postado em: 13/02/2023
Doenças renais em crianças e as vantagens da hemodiafiltração (HDF)
Tratamento e cuidado de doenças renais e do trato urinário de recém-nascidos, lactentes, crianças e adolescentes.
Bebês, crianças e adolescentes também podem sofrer com doenças renais, como infecções urinárias, cistos, tumores, tubulopatias, doenças congênitas, insuficiência renal aguda e a doença renal crônica. Apesar da doença renal crônica ser menos frequente durante a infância, representa um grande desafio, por acometer o paciente durante as fases de crescimento e desenvolvimento neurológico e psicossocial.
Uma das principais dificuldades das crianças que possuem doenças renais crônicas é ganhar peso e estatura ao longo dos anos, o que dentro da medicina é chamado de desenvolvimento pondero-estatural. Muitos pacientes sofrem um comprometimento significativo do potencial de crescimento, chegando à vida adulta com uma altura final abaixo do esperado. A baixa estatura pode causar danos à autoestima e autoimagem do adulto, trazendo ainda mais sofrimento psicológico ao paciente com doença renal.
Além do comprometimento no crescimento, as doenças renais em pacientes pediátricos também podem causar danos ao desenvolvimento cerebral e diminuir expectativa de vida ao nascer, segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia. Para evitar esses sintomas, é fundamental que o diagnóstico da doença renal seja feito o mais cedo possível.
Sendo assim, é de importante que o paciente pediátrico com doença renal crônica seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar, altamente qualificada. O objetivo principal é suavizar, ao máximo, o impacto da doença sobre o crescimento pondero-estatural e o desenvolvimento neuropsicossocial. Por isso, é necessário que o paciente pediátrico portador de doença renal crônica seja acompanhado por um nefrologista especializado em pediatria, ou seja, um nefrologista pediátrico.
A Nefropediatria é a área da Nefrologia especializada no diagnóstico, tratamento e cuidado de doenças renais e do trato urinário de recém-nascidos, lactentes, crianças e adolescentes. O nefrologista pediátrico está qualificado para cuidar não só das questões diretamente relacionadas às doenças do rim, como também, acompanhar sua interferência no desenvolvimento pôndero-estatural, intervindo, de forma específica, para que a doença impacte o mínimo possível no crescimento e desenvolvimento final do paciente, para preservar seu potencial de crescimento.
Além de cuidar dos pequenos, os médicos nefrologistas pediátricos estão preparados para lidar também com os familiares e responsáveis pelas crianças, que têm uma participação fundamental em todas as etapas do tratamento das doenças renais.
A Nefrologia pediátrica apresenta algumas peculiaridades em relação à Nefrologia em adultos. Nefrologistas pediátricos, além de levarem em consideração o processo de crescimento das crianças, precisam saber lidar com uma variedade muito grande de pacientes, com os diferentes tamanhos e pesos. As características de cada um podem variar muito, desde um bebê de 4kg a um adolescente de 60kg, por exemplo.
Causas da doença renal em crianças e adolescentes
Outra particularidade dos pacientes com doença renal crônica na infância e na adolescência é a causa da doença. Doenças renais podem ter diversas origens, que podem ser hereditárias, adquiridas ao longo da vida, resultantes de outras doenças ou ainda fruto de malformações durante a gestação.
No caso dos pacientes renais pediátricos, em sua maioria, os fatores que afetam o funcionamento dos rins são malformações congênitas, condições acometidas antes mesmo do nascimento, além de uropatias e glomerulopatias. Diferentemente dos adultos, nos quais diabetes e hipertensão arterial são as causas mais comuns.
'Essas doenças, que no adulto normalmente são a causa dele estar na diálise, na criança também podem ocorrer. Porém, quando chegar a comprometer a função renal, o paciente já estará na adolescência ou fase adulta', explica a Dra. Jovânia Heringer (CRM 118561), nefropediatra da Nefrostar em São José dos Campos.
Além de malformações, uma das causas comuns das doenças renais em crianças são as glomerulopatias. Elas afetam os glomérulos, estruturas constituídas por um tufo de capilares sanguíneos, entre outras células, que são responsáveis pela ultrafiltração do plasma no sangue.
'Glomerulopatias são doenças que comprometem uma parte específica do rim, levando a proteinúria e, ao longo de algum tempo, pode levar a insuficiência renal', explica a Dra. Jovania Heringer.
Sintomas das doenças renais em crianças
O sintomas das doenças renais em crianças e adolescentes podem variar desde dificuldade para urinar até infecção urinária. Porém, muitas vezes eles não sabem como identificar e comunicar os sintomas. Por isso, os pais e responsáveis devem ficar atentos aos comportamentos dos bebês, crianças e jovens. Hábitos como fazer xixi na cama ou se recusar a ir ao banheiro podem ser sinais de que há algo errado.
Os principais sinais de que há algo de errado com o funcionamento dos rins são:
- Infecção urinária.
- Alteração na pressão arterial.
- Incontinência urinária.
- Dificuldade para urinar.
- Dor ou ardência para urinar.
- Urina com aparência espumosa ou com sangue.
- Edemas (inchaços) nos pés, nos tornozelos, nos olhos ou na região abdominal.
Opções de tratamentos para doenças renais em crianças
O tratamento das doenças renais em bebês, crianças e adolescentes exige uma atenção extra dos nefrologistas, devido ao tamanho reduzido e menor peso dos pequenos. Por isso, é imprescindível que sejam atendidos por nefrologistas pediátricos. É importante, também, que a família acompanhe e participe de todas as consultas junto com a criança, para que esta se sinta segura e confie no tratamento. Avós, tios e todos que convivem intimamente com o paciente são bem-vindos. Conscientizando-os, há maior adesão ao tratamento e todo o processo se torna mais leve para a criança.
Tratamento Conservador
Em alguns casos, quando o diagnóstico da doença renal é feito cedo e a função dos rins ainda não foi completamente comprometida, é possível adotar um tratamento sem a necessidade imediata de diálise. É o que chamamos de Tratamento Conservador.
A Sociedade Brasileira de Nefrologia estipula que pacientes com taxa de filtração glomerular maior que 60 ml por minuto não precisam adotar uma dieta restrita, apenas recomenda-se que tenham uma alimentação saudável e balanceada. Porém, a partir do momento que se identifica uma taxa de filtração menor que 60 ml por minuto, torna-se necessário o acompanhamento com nutricionista, para receber orientações e adequação da dieta, além de acompanhar a evolução dos sintomas da doença.
Em geral, pacientes em tratamento conservador adotam uma dieta prescrita de forma personalizada por um nutricionista, com orientações que envolvem, por exemplo, adequação de ingestão de proteínas e de alimentos ricos em fósforo e potássio.
Seguindo a nova dieta, é possível preservar a função dos rins por mais tempo, retardando a progressão da doença renal crônica. Assim, o bebê ou a criança pode passar meses ou até anos sem precisar iniciar a diálise, impactando diretamente em sua qualidade de vida e crescimento pôndero-estatural. Esse tempo de tratamento conservador pode ser precioso também para a busca de um doador vivo compatível para transplante renal, nos casos em que for possível.
No tratamento conservador, além de retardar a progressão da doença, a dieta prescrita busca diminuir os sintomas urêmicos, como náuseas, vômitos, fraqueza e perda do apetite; e garantir que o paciente mantenha-se bem nutrido até o momento que for necessário iniciar a diálise. Em muitos casos, pacientes com doença renal crônica sofrem com a desnutrição, o que é agravado quando não adotam uma dieta personalizada.
Diálise Peritoneal
Uma das opções de diálise em pacientes pediátricos é a Diálise Peritoneal. Nela, utiliza-se um filtro natural para substituir a função dos rins. O peritônio é uma membrana porosa e semipermeável que reveste os órgãos abdominais. Entre eles, existe um espaço que chamamos de cavidade peritoneal. É nela que a solução da diálise é inserida, a partir de um cateter permanente e indolor instalado no abdômen.
A solução é responsável por remover substâncias como ureia, potássio, fósforo, dentre outras toxinas do sangue, assim como o excesso de líquido que não está sendo eliminado devido ao mau funcionamento dos rins. Para que as trocas ocorram, o líquido deve ficar dentro da cavidade abdominal do paciente por um tempo determinado pelo médico. A modalidade mais utilizada de diálise peritoneal é a DPA, diálise peritoneal automatizada.
Uma das grandes vantagens deste método é o fato de poder ser realizado em domicílio, no período noturno, através de uma máquina cicladora.
Após passarem por um treinamento específico, a instalação pode ser realizada por um responsável pelo paciente, no caso de crianças. Em adolescentes e adultos, o processo pode ser feito pelo próprio paciente ou um familiar. O fato de poder ser realizado no período noturno, no próprio domicílio é de suma importância pois permite que o paciente mantenha sua rotina diária diurna, como frequentar a escola, por exemplo.
Hemodiálise convencional
A Hemodiálise imita a função dos rins, utilizando uma máquina com um filtro (capilar), por onde o sangue do paciente passa, sendo filtrado e limpo. Dessa forma, são retirados do sangue as toxinas urêmicas prejudiciais ao organismo, além do excesso de líquidos. A hemodiálise também auxilia no controle da pressão arterial e ajuda a manter o equilíbrio de substâncias como fósforo, potássio e ureia.
A hemodiálise pode ser feita através de um cateter, colocado em uma veia profunda, ou de uma fístula, que é a comunicação entre uma veia e uma artéria, no braço do paciente. A escolha do acesso é feita levando em consideração a disponibilidade de veias do organismo, seu calibre e condição psíquica para punção.
Hemodiafiltração (HDF)
Em comparação às outras opções de tratamento, a Hemodiafiltração (HDF) é a que mais se assemelha com a função natural dos rins. Ela combina dois mecanismos de transporte de solutos: difusão e convecção, como forma de filtração e limpeza do sangue. Diferentemente da hemodiálise convencional, que utiliza apenas a difusão.
Devido a esses dois mecanismos, na HDF é possível remover substâncias de tamanho pequeno e médio, como toxinas urêmicas e inflamatórias, por exemplo beta 2 microglobulina.
Desta forma, a HDF possui uma série de vantagens em relação à hemodiálise convencional. Algumas delas são: menor mortalidade, melhor sobrevida cardiovascular, melhor controle pressórico e da anemia.
A partir da HDF é possível minimizar os efeitos a longo prazo da hemodiálise convencional.
As vantagens da HDF em Crianças
A Nefrostar utiliza um equipamento de hemodiafiltração próprio para o uso em pacientes pediátricos (Cordiax Paed). Com softwares específicos, é possível dar mais segurança às crianças, que têm um peso e estatura menores que o adulto. Neles, os mecanismos de limites de retirada do sangue devem ser mais refinados, pois entende-se que a retirada de um volume extra acidental, mesmo que pequeno, pode causar sintomas clínicos no paciente pediátrico, que não ocorreriam no adulto.
Além da segurança adicional, pacientes pediátricos que fazem HDF têm maior preservação do potencial de crescimento, podendo chegar a estatura normal ou mais próximo do normal, na fase adulta. Essa foi uma das conclusões do estudo 'Online hemodiafiltration use in children: a single center experience with a twist', realizado em 2020, que analisou o ganho de estatura das crianças, e apontou uma melhora considerável no crescimento dos pacientes que optaram por realizar o tratamento por Hemodiafiltração.
O estudo apontou as principais vantagens da HDF em pacientes pediátricos:
- Melhora no crescimento.
- Redução da frequência de hipotensão intradialítica.
- Redução do cansaço (fadiga) após a diálise, deixando a criança com mais energia para brincar e aprender, trazendo mais qualidade de vida durante a infância.
- Melhora da anemia, com aumento significativo na hemoglobina, o que diminui a necessidade de suplementação de ferro e eritropoetina.
A Hemodiafiltração em crianças na Nefrostar
As sessões de Hemodiafiltração na Nefrostar são feitas todos os dias, com flexibilidade de horários para adequação de acordo com a agenda da criança e sua família.
Inicialmente, o paciente poderá receber o tratamento de duas formas principais:
- 1. Sessões de 2h de duração, de segunda a sábado.
- 2. Sessões de 2h 30min, de segunda a sexta-feira.
Porém, o tempo e a frequência de cada sessão poderá sofrer ajustes de acordo com a necessidade clínica e ou laboratorial de cada paciente, de forma personalizada. Além das necessidades de cada paciente, sua rotina também é levada em consideração para fazer a melhor escolha de tratamento.
A hemodiafiltração diária pode trazer mais qualidade de vida ao paciente renal, por diminuir a sobrecarga hídrica e, assim, minimizar sintomas da doença renal, como dispneia, falta de ar, edemas e hipertensão.
Além disso, para o paciente pediátrico, a HDF diária, é de suma importância por permitir uma maior liberdade de ingestão de líquido, uma vez que a remoção ocorre diariamente. Tal fato implicará diretamente na oferta da dieta, especialmente de lactentes jovens, cuja alimentação é principalmente leite.
Uma equipe multidisciplinar, com psicólogo, fisioterapeuta e nutricionista também ficam à disposição do paciente. A Nefrostrar oferece ainda serviços premium, como personal transfer, além de Spa para terapias auxiliares.